sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A linguagem


                A próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, depois de duas décadas, será novamente num país latino americano. A última que aconteceu por aqui foi em 1987, em Buenos Aires. Aliás, aquela foi a primeira fora da Europa. Dessa vez, o Brasil vai acolher e promover a Jornada no Rio de Janeiro, com o lema “Ide e fazei discípulos de todos os povos”(Mt 28,19)
                Um evento como esse é sempre uma oportunidade especial para todos, para refletir, debater, renovar os ânimos, buscar novos caminhos, dar testemunho e celebrar.
                Contudo, o mais importante ato a ser promovido nesse e em todos os esforços de qualquer instituição que quer manter-se eficaz é o que o Papa João XXIII motivou por ocasião da instauração do Concílio Vaticano II: atualização e diálogo. E a chave-mestra que abre ambas as portas é a “linguagem”.
                O que dizíamos há 10 anos sobre um determinado assunto já não dizemos mais, ou dizemos de outra forma. A língua mudou, as cabeças mudaram, o ritmo da vida mudou. Tudo muda, o tempo todo. “O tempo não para...não para não....não para.” E a linguagem é o estopim dessa mudança constante.
                A Igreja precisa reaprender a conversar com a Juventude. Refiro-me à instituição. Sim, porque o jovem é Igreja e dela participa efetivamente, inclusive atualizando-a em sua vida. Mas a instituição – sempre diante do risco da ferrugem do tempo – precisa abrir aquela janela apontada por João XXIII e deixar o ar entrar, deixar a juventude passear, incomodar, questionar, embelezar.  É preciso, para isso, ajustar-se e calibrar-se para o diálogo.
                Por outro lado, apesar de estarmos inseridos na realidade que é líquida, que não para de correr como um rio, há sempre a possibilidade de mantermos o controle do remo, afinal, somos livres. A juventude tem braços fortes, vista boa, sonhos intensos. Não se pode compreender que tantos jovens se deixem levar pela correnteza. É preciso aqui também ajustar-se e calibrar-se para o diálogo.
                A vida é um diálogo complexo, exigente. A linguagem cristã nesse diálogo não é de troca, mas sim de entrega constante e generosa. É no outro que encontramos nossa razão de ser.
                Santo Agostinho diz que se amarmos podemos fazer qualquer coisa. Amar é entregar-se ao outro, para que esse outro seja feliz. Normalmente, essa entrega implica em renúncia, em dor. Então, o prazer pessoal como objetivo único e exclusivo é um ruído na linguagem do amor. Por isso, juventude,vamos amar de verdade e fazer o que quisermos!

Frei Guilherme, Missionário Inaciano.



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